Ibama acaba de receber licenciamento de nova mina da Vale em Parauapebas

Mineradora prevê gerar dezenas de postos de trabalho nas etapas de implantação e operação. Com volume total de 73,9 milhões de toneladas de minério, vida útil da mina será de sete anos.

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Nesta quinta-feira (30), a Vale deu um passo além e botou na mesa do Ibama o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do empreendimento denominado “Projeto Mina N3”, companheiras de N1 e N2, para apreciação do órgão ambiental, que fez o anúncio formal de tê-los recebido na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU).

O Blog apurou que o calhamaço de documentos também ficou de ser entregue pela Vale à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) da Prefeitura de Parauapebas, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e à Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) em Marabá.

Mina morrerá na infância: 7 anos

O Blog do Zé Dudu teve acesso exclusivo aos documentos encaminhados pela Vale aos órgãos fiscalizadores sobre N3 e constatou que o minério de ferro existente terá duração de apenas sete anos, em linha com o que já havia sido divulgado em outras reportagens sobre a vida útil de cada um dos corpos de minério de ferro na Serra Norte. As jazidas de maior volume, aliás, são as que estão em exploração e que devem se esgotar em 16 anos, motivo de pressa em botar para rodar novos empreendimentos.

Segundo a Vale, para as cavas a serem licenciadas foi estimada reserva total de 73,9 milhões de toneladas (Mt) de minério com teor médio de 64,3% de ferro. A multinacional quer retirar da mina 10 milhões de toneladas por ano (Mtpa), o que é muito pouco perto da capacidade nominal do conjunto atual (N4E, N4W e N5), de 150 Mtpa. Os primeiros trabalhos de pesquisa geológica em N3 foram desenvolvidos no início da década de 1970.

A empresa destaca que a abertura dessa mina “representará a manutenção de royalties ao município de Parauapebas, ao estado do Pará e ao governo federal, contribuindo para o incremento da estrutura econômica existente na região”. E avisa que “serão gerados empregos na etapa de implantação e serão mantidos empregos na etapa de operação”. O Blog apurou que serão criados 108 postos de trabalho temporários durante a implantação, que será feita em um ano e meio, e 181 postos fixos no pico da etapa de produção, durante os sete anos de existência da mina.

A mineradora Vale lembra que as atuais minas de N4 e N5, após novas exigências relacionadas ao patrimônio espeleológico, passaram a gerar restrições para a ampliação das suas cavas, resultando na redução de suas reservas e limitações ao desenvolvimento de projetos de engenharia. E indica, nas entrelinhas do estudo realizado pela Amplo Consultoria, que sem a abertura da mina Parauapebas poderá entrar em colapso financeiro, tendo em vista a dependência de royalties, impostos e taxas advindos de mineração. Essas fontes de receita, hoje robustas e que rompem facilmente R$ 1 bilhão por ano, podem desaparecer com o esgotamento e a descontinuidade da indústria mineral no território municipal.

Audiência pública para o projeto

De acordo com o Ibama, em 90 dias, a contar de hoje, poderá ser solicitada a realização de audiência pública acerca do projeto da mina de N3, conforme determina resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ainda não há data de quando a Vale vai começar oficialmente botar homens em campo para mexer em N3, mas há uma certeza: é para ontem.