Fazenda Santa Tereza volta a ser invadida em Marabá

MST diz que 450 famílias reocuparam a propriedade, que foi considerada produtiva pelo Incra em 2016

Continua depois da publicidade

Na madrugada desta sexta (27), 450 famílias de trabalhadores rurais do Acampamento Hugo Chávez, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), reocuparam a Fazenda Santa Tereza, em Marabá.

De acordo com o MST, a fazenda foi grilada (registrada de forma fraudulenta) pelo latifundiário Rafael Saldanha de Camargo, fazendeiro influente na região e um dos suspeitos, segundo o Ministério Público, pelo assassinato dos líderes sem-terra Doutor e Fusquinha, há mais de 20 anos.

A fazenda Santa Tereza foi ocupada pela primeira vez em junho de 2014. Ainda segundo o MST, a fazenda é, na verdade, uma área pública e Rafael também é acusado de cometer crimes ambientais. Apesar disso, as famílias dos sem terra foram despejadas em dezembro de 2017, por determinação da Vara Agrária de Marabá.

A reocupação faz parte da Jornada de Lutas pela Reforma Agrária e Lula Livre que acontece em todo o Brasil, na semana do dia do Trabalhador Rural, comemorado no dia 25 de julho.

Disputa por terras

A fazenda Santa Tereza está ocupada há 3 anos por cerca de 300 famílias. Mas, o processo de desapropriação da área foi analisado no final de 2016, depois que um levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) concluiu que a fazenda é produtiva.

“Foram feitos entendimentos, procedeu-se a avaliação e no momento em que foi dado o preço para aquisição, os proprietários não concordaram. Ficou impossibilitado de fazer qualquer outra coisa porque, já que eles não querem vender, nós não podemos desapropriar porque a terra é produtiva e documentada”, explicou Asdrubal Bentes, então superintendente do Incra em Marabá.

Os sem terra sabem que não haverá ordem de despejo imediata, uma vez que o juiz da Vara Agrária de Marabá, Amarildo José Mazutti, informou à Reportagem do blog que novas desocupações só devem ocorrer após as eleições de outubro próximo.

A reportagem do blog tentou entrar em contato com os advogados e a assessoria do fazendeiro, porém, não teve resposta.