Efeito Brumadinho devasta exportações de minério de ferro em abril, revela Economia

Volume físico exportado nunca antes tinha caído quase 30% e ficado tão baixo de um ano para outro. Municípios paraenses também são afetados.

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A produção de minério de ferro brasileira, atualmente o terceiro principal produto da pauta de exportações, nunca esteve tão baixa. Dados divulgados na tarde de ontem (2) pelo Ministério da Economia revelam um cenário de terra arrasada, com retração de 25% ante a produção física de março, que já foi ruim, e 29% menor em comparação com abril do ano passado. A principal causa é a paralisação de operações da mineradora multinacional Vale no estado de Minas Gerais.

A tragédia causada pelo rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que deixou mais de 300 vítimas fatais, é o grande freio porque colocou a Vale na mira da imprensa e da justiça dada a amplitude da catástrofe. Com bilhões de reais em bloqueios e alvo da fúria de centenas de famílias e milhões de pessoas Brasil afora, a mineradora se viu obrigada pelas circunstâncias a paralisar atividades onde havia barragens de rejeitos erguidas com o método a montante. Os efeitos comerciais deletérios começaram em fevereiro e arrastam-se desde então.

A Vale não é a única exportadora de minério de ferro do país, mas reina com folga nesse nicho de mercado. Ontem, a exportação física de minério de ferro nacional anunciada para abril foi de 18,34 milhões de toneladas (Mt). No mesmo período do ano passado, foram 25,88 Mt. A soma financeira das exportações de todo o minério de ferro totalizou 1 bilhão e 76 milhões de dólares. Em abril de 2018, foram 1 bilhão e 485 milhões de dólares.

Municípios

O Ministério da Economia não divulgou, até o momento, a balança comercial com detalhamento por município. No entanto, pela análise do volume total, o Blog do Zé Dudu calcula que a produção de Parauapebas tenha despencado em relação às 7,86 Mt de 2018, mas a produção total do Pará deve ficar estável, sendo compensada pelo avanço da lavra em Canaã dos Carajás. Atualmente, esses dois municípios paraenses ocupam o topo nacional da produção e da exportação de minério de ferro, tanto em volume quanto em movimentação financeira.

Não é demais lembrar que a produção menor de minério de ferro gera compensação financeira, chamada de royalty, também menor. E como o Blog havia antecipado com exclusividade ainda em fevereiro, o royalty de abril caiu quase R$ 15 milhões em relação a março, e o deste mês deve ser o menor desde o ano passado.