Descaso da Mineração Buritirama com a região do Rio Preto é alvo de festival de críticas

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Por Paulo Costa – correspondente do Blog em Marabá

Na sessão itinerante da Câmara Municipal de Marabá na Vila Três Poderes, na Estrada do Rio Preto, nesta quarta-feira, 27, não faltaram duras críticas á Mineração Buritirama, empresa instalada naquela região há mais de 20 anos para extração de manganês, mas que pouco ou quase nada contribui para o desenvolvimento social das comunidades instaladas nas redondezas da mina.

Buritirama - Cópia

Flávio Ferreira, presidente da Associação do Agronegócio da Vila União é um dos indignados contra a Buritirama. Segundo ele, a mineradora está escavando a região e deixando um grande buraco e “não há nada de bom que possa lembrar essa empresa”.

Ele disse que a entidade que dirige está tentando arranjar uma escavadeira para arrumar algumas estradas da rota escolar, mas a Buritirama não dá a mínima. “Não estamos pedindo migalha, apenas exigindo o que é de direito. Cumprimos nossos deveres como cidadãos e temos direitos”, disse.

Flávio lamentou que o crack tenha alcançado as vilas da região e se preocupa com a situação dos jovens. A gente tenta conseguir quadra de esporte para tirar os jovens desse caminho, mas não consegue. A Buritirama não cede sua quadra de esportes para a comunidade. A Prefeitura também poderia construir uma quadra para promover esporte para essa turma jovem, mas não faz. Se não atenderem nossos pedidos vamos fechar a estrada. Não sou radical, mas não está ficando brecha para dialogarmos. Estamos gastando toda a nossa argumentação e nada se resolve”, desabafou Flávio.

Jorge Mancini, vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Três Poderes, disse que foi à sessão da Câmara em sua comunidade porque ainda acredita no Poder Legislativo e disse que a população da zona rural está abandonada. “A Buritirama não atende nenhuma reivindicação nossa. Acha que já paga impostos ao município, mas esquece que tem responsabilidade social que não atende. Todo dia respiramos poeira da Buritirama e queremos apenas o básico para funcionar em nossas escolas e a empresa poderia ajudar”, diz.

Jorge disse que criou três filhas na Vila Três Poderes, mas todas foram embora porque ali não há emprego e educação para seus netos e é preciso que se tome providências.

Duas representantes da empresa Buritirama foram enviadas à reunião, mas não deram respostas plausíveis para a comunidade nem para os vereadores. Núbia de Azevedo Leal, que disse representar a diretora Daniele, da Mineração Buritirama leu um parágrafo curto de um texto envaido pela empresa, que disse laconicamente que a “empresa busca atender ações da comunidade da melhor forma possível e que estará de portas abertas para atender as demandas”.

Foi o suficiente para despertar mais furor ainda contra a empresa. O vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, disse que a Buritirama vem causando vários impactos desde sua instalação e que, independente dos impostos, ela é responsável por esses impactos. Podem cobrar deles, pressionar, porque não têm feito nada para os senhores e essa empresa tem de ser cobrada igual fazemos em relação à Vale.

A vereadora Júlia Rosa, presidente do Legislativo, sustentou que é preciso criar uma lei municipal de compensação social para atender as grandes empresas que estão instaladas. “Isso vale para Buritirama, Celpa, Vale e outras”, avisou.

O vereador Alécio Stringari pediu para a Secretaria Municipal de Obras anotar a pauta de demandas apresentadas pela comunidade em relação à Buritirama para o governo municipal discutir com a direção da empresa e cobrar uma postura mais próxima da comunidade.

O vereador Ubirajara Sompré criticou a direção da Buritirama pelo descaso da comunidade de seu entorno e disse que em sua comunidade indígena, nenhuma empresa atua sem pagar pelos impactos socioambientais que causa.

Ao usar da palavra, o secretário de Obras, Antônio de Pádua, também foi contundente em relação à mineradora Buritirama e se disse indignado com a omissão da empresa e a ausência de diretores na sessão realizada próxima à mina de onde ela retira sua riqueza. Ele questionou se nos 11 anos que está em Marabá, o único legado que deixou é a poeira. Pádua disse que vai procurar a empresa para que ela contribua com o desenvolvimento da região.