Comitiva de Curionópolis vai à Alepa e pede continuidade do Serra Leste

Prefeito e associações temem demissão de centenas de trabalhadores em meio ao jogo de empurra entre o Estado e a Vale em torno do processo de licenciamento de expansão do projeto.

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Uma comitiva liderada pelo prefeito de Curionópolis, Adonei Aguiar (DEM), se reuniu no início da tarde desta quarta-feira, 12, com um grupo de deputados estaduais, para pedir a intercessão do líder do Governo junto ao governador Helder Barbalho com vistas à liberação da ampliação da exploração de ferro do Projeto Serra Leste, em operação na região desde 2010.

Da comitiva, além do Adonei Aguiar, fizeram parte o presidente da Câmara Municipal de Curionópolis, Nonato Maranhense (MDB), e representantes das associações dos trabalhadores da Vale, do comércio e dos agricultores do município. Eles foram recebidos pelos deputados Chicão (MDB), líder do Governo, Eliel Faustino (DEM), Toni Cunha (PTB) e Alex Santiago (PR)

Aos parlamentares, Adonei Aguiar expôs a preocupação dos trabalhadores da Vale com a paralisação do Serra Leste e do próprio município, que tem no projeto uma das suas principais bases econômicas. Durante a reunião, os deputados foram avisados que a PA-275, bloqueada desde segunda-feira, 10, como forma de protesto, estava liberada. Os manifestantes deram uma pausa para aguardar o resultado do encontro na Alepa.

“Nós precisamos de uma resposta para informar nossas equipes”, disse Rosa Castro, empregada da Vale. Segundo os representantes dos trabalhadores da Vale, há disposição de estender os protestos pela região caso o problema não seja solucionado.

Ficou claro na reunião que está havendo um jogo de empurra entre o Governo do Estado e a Vale em torno do processo de licenciamento de operação e expansão do projeto. A mineradora assegura que encaminhou todos os relatórios exigidos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), inclusive sobre os impactos ambientais, para ampliar de 6 para 10 milhões de toneladas a exploração de minério de ferro.

“Existe relatório ambiental que a Vale trabalha desde 2016 para a exploração desses 10 milhões de toneladas porque os 6 milhões já se exauriram. A Vale está retirando apenas material já estocado e destinado para exportação”, informou Adonei Aguiar, que disse ter participado de nove reuniões na Semas, para saber o que emperra o andamento do projeto.

A última reunião, segundo o prefeito, foi no final de 2018, quando, mais uma vez, a secretaria alegou que não poderia licenciar a expansão do projeto por haver pendências de informações da mineradora no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental, o EIA-Rima.

“De janeiro até hoje, em junho, a Vale, com a grandeza, a competência que tem seus técnicos, já deve ter cumprido as pendências”, frisou Adonei Aguiar, para informar que a expansão do Serra Leste vai dobrar o número de empregos diretos, passando de 700 para cerca de 1,5 mil.

Resposta do governo

Na reunião, o deputado Chicão se comprometeu em conversar ainda hoje com o governador Helder Barbalho e repassar todas as informações apresentadas pelo prefeito e comitiva para o titular da Semas, Mauro O’ de Almeida . “Acho que até o início da noite temos condições de dar um posicionamento”, disse o líder governista na Alepa.

A resposta é aguardada com ansiedade pelos trabalhadores. “Estamos muito tristes, apreensivos, com medo de não conseguir essa licença porque vai ficar muita gente desempregada, que vai passar por grandes dificuldades”, prevê a presidente da Associação das Mulheres de Serra Pelada, Rosilene Freitas Viana. “É um caso que não se resolve, ficam só adiando a cada dia que passa e a gente sofrendo”.

Diante da disposição dos trabalhadores em prosseguir com os protestos, Chicão solicitou para que eles, primeiro, esgotem todos os diálogos. “Essa questão de interditar rodovia, para depois negociar, é ruim”, disse o parlamentar.

Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém