Comdcap suspende resultado da eleição para conselheiros

Motivo foi erro no sistema de apuração dos votos, já comunicado ao Ministério Público, que recomendou a recontagem. Conselho refuta acusação de fraude no processo.

Continua depois da publicidade

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Parauapebas (Comdcap) irá recontar os votos da eleição para a escolha dos novos conselheiros do município, para o período 2020/2023. Com isso, foi suspenso o resultado preliminar da apuração ocorrida no dia 6 deste mês, quando cerca de 18 mil eleitores de Parauapebas foram às urnas para votar em seus candidatos.

Edital publicado hoje (17) pelo Comdcap informa que a recontagem será feita no dia 24 deste mês, das 9 às 17 horas, com intervalo de uma hora para almoço, no auditório da Câmara Municipal de Parauapebas.

A recontagem foi recomendada pelo Ministério Público do Estado, no município, para o qual o conselho entregou um relatório de 18 páginas, em que informa e esclarece os problemas apresentados na apuração dos votos. “A gente tem que, de fato, baixar a cabeça e dizer que foi uma falha”, reconhece o presidente do Comdcap, Aldo Serra.

Contudo, o titular do conselho nega, categoricamente, que tenha havido fraude na eleição, cuja apuração foi acompanhada por quatro fiscais, pelos candidatos e ainda pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Fizemos um relatório para o Ministério Público, encaminhando todos os atos da eleição, da apuração. Claro que vindo de lá uma recomendação, uma decisão judicial não há o que se discutir, a gente refaz. Mas fraude mesmo não houve por parte do conselho e de quem estava lá. Falhas, sim, houve”, insiste Aldo Serra.

Na terça-feira passada, logo depois que a falha foi identificada, o Comdcap chamou todos os candidatos para uma reunião, para que fossem informados e esclarecidos os problemas do dia da eleição. Segundo Sena, estavam presentes representantes do MPE, da OAB e da Procuradoria-Geral de Parauapebas.

“Essas falhas, a meu ver, não são para anular a eleição. Contudo, temos dito aos candidatos que quem se sentir lesado pode recorrer à Justiça, ao Ministério Público. Tudo isso tem sido desgastante demais, mas a gente vai seguir”, desabafa o presidente do Comdcap, sem esconder o cansaço com o processo.

O que aconteceu

Aldo Serra conta que o erro aconteceu por volta da meia-noite e meia do dia 6, já uma segunda-feira, quando a comissão eleitoral lançou os votos da Escola Antônio Vilhena, do Cedere I. Sem que fosse percebido, conta Serra, os votos foram computados também na lacuna da Escola Deyse Lorrane.

O sol já havia surgido quando a comissão percebeu algo errado na hora de lançar os votos na planilha da “Deyse Lorrane”, que acusou já ter recebido os votos, o que não poderia. A comissão eleitoral ainda paralisou o processo por uma hora para tentar entender o que havia acontecido “e não conseguimos identificar o problema”, afirma o presidente do Comdcap.

Aldo Serra frisa que a eleição foi acompanhada por técnicos de informática da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan), que desenvolveram um sistema específico para a eleição, para evitar duplicidade de votos. “Inclusive, eles estiveram conosco, nos auxiliando, indo nas escolas. E eles ainda elaboraram uma planilha do Excel para apuração. E foi justamente nessa planilha que aconteceu o erro. Acho que pelo tempo curto de não testarmos certinho como seria deu essa problemática”, admite o presidente do Comdcap.

Somente depois da divulgação do resultado da eleição é que o conselho conseguiu encontrar a falha. “Na terça-feira, quando a comissão foi juntar as duas planilhas para liberar o resultado, por polo, foi que identificamos o erro”, informa Aldo Serra, acrescentando que hoje ficou decidido que a recontagem será feita com o uso de toda a gravação do dia da apuração. “Vamos colocar o vídeo mais uma vez e fazer a recontagem”.

Com o “replay”, em que todos possam acompanhar, o conselho tentará provar que conduziu a apuração com lisura. E não foi fácil preparar a eleição. O Comdcap ainda encaminhou ofício ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará, solicitando urnas eletrônicas, mas teve pedido negado. “Solicitamos uma vez, reiteramos por telefone, fomos ao cartório eleitoral para ver se conseguíamos as urnas eletrônicas e não conseguimos”, lamenta Aldo Serra.

Consequência: longas horas de apuração e uma noite sem dormir. “É humanamente impossível fazer uma contagem de quase 18 mil votos, durante uma carga excessiva de trabalho, e não ter erros”, diz o presidente do Comdcap.

Por Hanny Amoras