Cientista social, ex-militante do PT, trabalha para tirar a sociedade da apatia política

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Por Eleutério Gomes – de Marabá

Preocupado com a apatia política, a despolitização e o que chama de desideologização da sociedade, da classe trabalhadora e dos movimentos estudantis, entre outros segmentos, o cientista social Raimundo Gomes Cruz Neto, 64 anos, ativista político e ex-vereador em Marabá, há dois anos vem desenvolvendo na cidade Brigadas Populares. Nada, entretanto, que se refira a pegar armas ou coisa parecida. São grupos de pessoas que se prepararam para ter compreensão política e ideológica da situação do País como um todo, a fim de começar a provocar o debate na sociedade, sobretudo entre os trabalhadores.

Desde que se retirou das fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT), em 2005, e não se filiou a nenhuma outra sigla, ele e outros companheiros que eram da tenência marxista, avaliaram que o PT já não é mais um instrumento político da classe trabalhadora, capaz de fazer a transformação da sociedade e derrotar o capitalismo. “Então, diante disso, nós saímos e procuramos outras alternativas, tendo em vista que entendemos que somos um ser histórico e não podemos viver se não for em coletivos, que são capazes de contribuir para a transformação da sociedade”, afirma ele.

Raimundinho, como também é conhecido, buscou várias alternativas de articulação em nível nacional e, de 2015 para cá, começou a manter diálogo como as Brigadas Populares, uma articulação que tem como estratégia construir uma frente popular revolucionária capaz de dar conta da revolução brasileira.

“Não de fazer uma revolução, mas de construir uma frente. E é nessa dinâmica que temos atuado nesses últimos dois anos. A partir de 2016 tiramos como tarefa arregimentar as pessoas para fazer o debate. Não esse debate pela Internet, pelo WhatsApp, por outras redes, onde esse pessoal se viciou aí. Faz muito discurso, copia discurso, mas, na prática fica muito distante de promover a articulação da classe trabalhadora”, observa o cientista social.

Raimundo Gomes então considerou que as brigadas poderiam desenvolver o que chama Comunas. “São espaços onde discutimos naquele território, no bairro, na escola ou local de trabalho que dê conta de rearticular as pessoas por meio da arte, da cultura e outras relações produtivas, espaços para pensar numa economia que não seja capitalista, mas que, por meio dela, os trabalhadores deem conta de superar essa pressão do capital e valorizar o trabalho, valorizar outra realidade”, afirma ele.

A primeira comuna de Marabá funciona no espaço do Cepasp (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular), na Rua Sororó, 129, no Bairro Novo Horizonte. A outra funciona no Bairro Alzira Mutran. “Nós aproveitamos o espaço do Cepasp, sem atividade atualmente, e articulamos um espaço de comercialização de produtos artesanais, na tentativa de torná-lo um local de encontro, diálogo, debate, com a sociedade se rearticulando por meio de seu interesse”, define Raimundinho.

Ele explica que o princípio da Comuna é desenvolver círculos e, nesse contexto, está desenvolvendo o primeiro que chama de comercialização solidária, com produção e venda de artesanato, bordados, tricô, costura e licores de cajá, murici, tamarindo, açaí, café, tangerina, “bem aceitos no mercado”, além de outros produtos feitos manualmente.

“Estamos desenvolvendo também um círculo de leitura e estudo para estudar e discutir essa realidade, e outro que é de arte e cultura, discutindo com grupos de hip-hop, capoeira, e outros a fim de trazer as pessoas para o debate também na área cultural”, afirma Raimundo Gomes.

Segundo ele, esse é o desafio nesse período de grande dificuldade de rearticulação dos “trabalhadores e do povo brasileiro, no sentido de entender a realidade, de modo a não ser mais uma vez maltratado pelos interesses do capital e da burguesia nacional”.

Além de Marabá, onde já existem 12 brigadistas, a articulação já se estendeu a Canaã dos Carajás, onde 11 pessoas trabalham na formação de camponeses, mais voltada para a produção e a comercialização de seus produtos e também para a cultura e arte.

3 comentários em “Cientista social, ex-militante do PT, trabalha para tirar a sociedade da apatia política

  1. Dalvani Ferreira da Silva Gomes Responder

    É bem oportuno o passo dado por Raimundo Gomes, pois como educadora vejo na grande maioria dos alunos do Ensino Médio a total ou parcial ausência de ideais de justiça, solidariedade, proteção ambiental, dignidade social, entre outros. No sentido de lutar e de fazer valer os seus direitos. São como disse jovens alienados as sandices das redes sociais e ou ausencia de informações transformadoras e idealizadorass. Como ressalta Raimundinho em seus discursos amplos sobre o SOCIAL, a ARTE e a CULTURA. Parabéns às COMUNAS! Que venham outras e que incluam valores espirituais e familiares.

  2. João Martins Responder

    Raimundo Gomes sempre foi exemplo de representação da Luta Solidária pela Verdade, Esperança e Bem Comum da classe trabalhadora. Essa classe oprimida em sua essência pelo poder do capitalismo a serviço da burguesia.

  3. Alessandro da Silva Sindeaux Responder

    interessante a reportagem, sou de Marabá mas moro em Parauapebas a 2 anos e meio, como a cidade não é citada como parte de um dos locais onde existe uma comuna, gostaria de saber se existe a possibilidade de conseguir o contato de Raimundinho, para conversarmos sobre o assunto, aguardo retorno no e-mail acima ou no whats (94) 99284-9187

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