Canaã vai montar ‘Big Brother’ em prédios da prefeitura por quase R$ 6 milhões

Valor é maior que investimento feito ano passado nas áreas de assistência social e cidadania juntas. Governo de Jeová Andrade alega que PM tem efetivo aquém das necessidades.
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A estribadíssima Prefeitura de Canaã dos Carajás está registrando preços para contratar empresa especializada em prestar serviços do tipo “Big Brother”, mas sem confinamento, pela apetitosa quantia de R$ 5.909.608,80, que sairá do glorioso caixa do tesouro municipal. Isso mesmo: são quase R$ 6 milhões dispensados a videomonitoramento 24 horas e vigilância de 51 prédios da administração de Jeová Andrade, entre os quais o da própria prefeitura, escolas e postos de saúde. Para se ter ideia do tamanho desse gasto, ele é maior que o investimento feito pela administração municipal no ano passado em assistência social (R$ 3,72 milhões) e cidadania (R$ 2,12 milhões) somadas.

A empresa contratada ficará responsável por pronto atendimento tático, com locação, instalação, manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos, fornecimento de software, atualização tecnológica e rondas periódicas noturnas motorizadas nos prédios públicos.

De acordo com a prefeitura, a contratação se justifica diante do aumento da criminalidade em Canaã, em especial a ocorrência de furtos, extravio de bens e depredação do patrimônio público. A ação dos bandidos traz, segundo o governo de Jeová Andrade, ônus excessivo no reparo dos prédios públicos e seus equipamentos. “Muitas vezes, tais situações ocorrem e não há como identificar os agentes responsáveis pelos danos, nem como saber o horário ou a forma como foram provocados”, frisa a administração local, observando que a Polícia Miliar opera com efetivo “aquém das necessidades para garantir a segurança da população” em Canaã. Para a gestão de Jeová, a contratação milionária tem como objetivo ser meio de prevenção ao roubo e extravio de bens, além de colaborar com a manutenção da integridade física dos servidores, usuários e visitantes dos prédios e espaços públicos. Resta saber se, como outros exemplos de “big brother” em alguns municípios da região, com o tempo não será apenas um monte de câmeras espalhadas, sem manutenção e sem funcionamento, em franco desperdício de dinheiro público. O edital licitatório, que veio à luz na última sexta-feira (5), pode ser acompanhado na íntegra aqui.