Canaã dos Carajás explode em 130% número de nascimentos em uma década

Microrregião de Parauapebas concentra em si o campeão da taxa de crescimento (Canaã) e o campeão da taxa de regressão (Eldorado do Carajás). Curionópolis também encolheu.

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Em qual município paraense nascem mais crianças atualmente? A resposta não é tão óbvia assim para quem disser que é Belém, capital do estado e cidade mais populosa do Pará. E nem está de um todo certo. Hoje, Canaã dos Carajás é o lugar onde, proporcionalmente, nascem mais crianças, e se tivesse o tamanho de Belém, registraria muito mais que o dobro de partos da metrópole.

Às vésperas da divulgação do estudo “Estatísticas do Registro Civil 2018” pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Blog do Zé Dudu se debruçou sobre números recém-lançados do Ministério da Saúde para situar quem é quem no mapa da berçolândia. Os dados mais recentes consolidados pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, são referentes a 2017.

O Blog fez recorte temporal de uma década, comparando o número de nascimentos de todos os municípios entre 2007 e 2017, e verificou que o Pará desacelerou. Em 2007, foram registrados 150,1 mil nascimentos; dois anos atrás, o total caiu para 138,7 mil, 7,6% a menos.

Canaã sobe, Eldorado desce

Canaã dos Carajás foi berço de 1.234 nascimentos em 2017, segundo o Ministério da Saúde. Em 2007, nasciam no município 535 novos habitantes. Durante dez anos, o município viu dar à luz 10.172 novos indivíduos e disparou 130,7% no total de nascimentos. Na prática, esses números indicam o que o censo de 2020 potencialmente encontrará em Canaã: uma população dobrada em relação ao censo anterior, realizado em 2010. Os números estão em linha com estimativas já feitas e divulgadas aqui mesmo pelo Blog sobre a dinâmica sociodemográfica da “Terra Prometida”.

Outro município onde o número de nascidos também dobrou foi Faro, no oeste do estado. Lá, que fica na divisa com o estado do Amazonas, os recém-nascidos passaram de 74 para 153 em dez anos, crescimento de 106,7%. Ourilândia do Norte, com crescimento de 84,4%, e Vitória do Xingu, com 69,8%, também obtiveram avanços expressivos, que ultrapassaram 50% em uma década.

Ao todo 47 municípios apresentaram crescimento no número de nascimentos no período, mas o exército de localidades que, pelo contrário, se desfizeram dos berços é muito maior: 96. Apenas o município de Mojuí dos Campos, o mais novo do Pará, não tinha dados em 2007 para comparação temporal. Mojuí foi emancipado em 2013.

A pior situação, considerando a taxa de regressão, é a de Eldorado do Carajás. O município viu o número de nascimentos despencar 48,4% em dez anos, enquanto seu vizinho Curionópolis também assistiu à redução de 17,1%. Dos 39 municípios do sudeste do Pará, 28 apresentaram redução no número de nascimentos.

Parauapebas encosta em Marabá

O crescimento absoluto do número de nascimentos em Parauapebas foi tão intenso que o município ultrapassou Marabá em alguns momentos do período entre 2007 e 2017, conforme apurou o Blog. Inclusive, entre ambos, o pico de partos pertence a Parauapebas, que viu nascer 5.360 bebês em 2014, quase dois mil a mais em relação a sete anos antes, quando vieram à luz 3.459 — o mais próximo que Marabá chegou desse pico foi em 2009, quando registrou 5.307 recém-nascidos.

Em 2017, Parauapebas contou 4.582 nascimentos, o menor volume desde 2013. Já Marabá contabilizou 4.764. No acumulado de uma década, Marabá ainda leva vantagem com 54.900 nascimentos, enquanto Parauapebas registra 48.170. A liderança de nascimentos no Pará, no entanto, ainda continua com Belém, que, embora tenha decrescido (passou de 24.054 em 2007 para 19.409 em 2017), totaliza no período 240.095 nascimentos. Ananindeua, com 96.602 nascimentos em uma década, e Santarém, com 73.137, também estão à frente de Marabá e Parauapebas.

Dos dez municípios com menos nascimentos absolutos no acumulado da dez anos, quatro estão no sudeste do estado: Palestina do Pará (1.341), Brejo Grande do Araguaia (1.168), Sapucaia (964) e Bannach (526). Neste último, que é o lugar menos populoso do estado, é registrado o menor número de nascimentos anualmente.