Câmara de Marabá realiza 1ª Sessão Ordinária dos Vereadores Mirins

Programa acontece pelo terceiro ano consecutivo e vem mudando mentalidades, despertando o interesse de adolescentes e jovens pela política e os alunos têm mostrado melhor desempenho escolar

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Falando feito gente grande e cobrando providências das autoridades municipais para vários problemas de infraestrutura das escolas e também de algumas ruas da cidade. Foi assim a manhã desta segunda-feira (25), na Câmara Municipal de Marabá, durante a 1ª Sessão Ordinária dos Vereadores Mirins em 2018. A sessão plenária faz parte do Programa Câmara Mirim, realizado pela Escola do Legislativo de Marabá (Elmar), que tem na direção da educadora Gabriela Silva. Tudo transcorreu nos mesmos moldes de uma sessão normal, inclusive com o fraseado oficial, como “declaro aberta esta sessão” e “passaremos ao grande expediente”, entre outras expressões.

Os 21 vereadores mirins foram escolhidos, em votação, pelos colegas das escolas municipais que representam e, também por votação, elegeram a Mesa Diretora, cuja presidente é a estudante Gabriela de Jesus Castro.

Dois vereadores prestigiaram a Sessão Mirim, Irismar Melo (PR) e Ronisteu Araújo (PTB), além de outras autoridades. Irismar disse estar “muito feliz” porque, pelo terceiro ano, estava assistindo a sessão mirim e elogiou a iniciativa da Elmar, por estar formando novos cidadãos. Ela desejou que eles, no futuro, pudessem seguir a carreira política e pudessem ajudar a sociedade a ter dias melhores.

Ronisteu Araújo lembrou que “em tempos de criminalização e judicialização” da política é muito bom ver adolescentes e jovens desejando fazer parte da vida pública, de exercerem seu direito de cidadania. Ele desejou que, a partir dessa experiência, no futuro eles se tornem políticos com uma nova mentalidade e, se for o caso, possam exercer mandatos populares com dignidade e honestidade.

Fábio Costa, representante do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE/PA), também elogiou a realização do programa, disse que é importante aos jovens conhecerem como funciona o Legislativo e, principalmente, que ali caso algum deles um dia venha ser eleito vereador, tenha a consciência de que será um servidor público, trabalhando para minimizar as mazelas sociais e para melhorar a qualidade de vida da população.

Os requerimentos

Nem tudo, entretanto, foi apenas de faz de conta: os requerimentos apresentados pelos vereadores mirins serão encaminhados para o prefeito Sebastião Miranda Filho (PTB) – Tião Miranda. Eles solicitaram: cobertura de quadra de esportes (2), asfaltamento de vias (2), pintura de escola (1), instalação de central de ar refrigerado (2), instalação de laboratórios (2), pintura de faixa de pedestre (2), melhoria na merenda escolar (1), instalação de lixeiras nas escolas e nas ruas (1), reforma de quadra de esportes (1), aquisição de carteiras escolares (1), instalação de sala de recursos para alunos especiais (1), instalação de uma sucursal da Casa da Cultura no Núcleo Cidade Nova (1), mais acessibilidade para cadeirantes (1), abrigo para moradores de rua (1), segurança dentro e nas imediações das escolas (1), biblioteca (1), geladeira para guardar os insumos da merenda escolar (1) e renovação do acervo de algumas bibliotecas escolares (1).

Houve também discursos engraçados, como o do estudante Jackson Guimarães, que requereu a pintura da Escola Geraldo Veloso, que há muito tempo está com as paredes sujas e repletas de “palavrões e desenhos salientes”; e falas contundentes, como a do estudante Alisson Santos, que criticou a qualidade merenda escolar afirmando que muitas vezes o pão, em verdade, é “pedra” e a sopa “é água”.

O começo        

O projeto nasceu em 2015, como a ação “Vereador por um dia”, baseada numa resolução do vereador Miguel Gomes Filho (PP) – Miguelito –, de 1998, cujo objetivo era levar adultos a fim de conhecerem o dia a dia da Câmara.

Na época, o adolescente Luciano Lacerda pediu a Miguelito, insistentemente, para que o projeto fosse realizado com crianças. O vereador, então, chamou Gabriela Silva para fazer uma formação com meninas e meninos.

“Na primeira, cada criança era indicada por um vereador, elas receberam uma semana de formação e participaram um dia da sessão plenária” conta Gabriela, lembrando que os vereadores gostaram muito, fazendo com que Miguelito e Luciano Lacerda a convidassem para elaborar o Projeto Câmara Mirim. Ela foi a Belo Horizonte (MG), onde é realizado projeto semelhante, assim como em outros lugares do Brasil, e passou a desenvolver a programa Marabá desde 2016.

Nova mentalidade

Gabriela Silva conta que os alunos entram no projeto com uma mentalidade e saem com uma formação diferente. “Muitos nem conheciam a Câmara Municipal, não sabiam quantos são os vereadores nem como funcionava o legislativo”, lembra ela, acrescentando que o programa tem ajudado muito na educação cidadã dos alunos.

Eles passam a conhecer como é o processo legislativo, como funciona, como é a eleição e tudo isso tem contribuído para a formação educacional deles. “A nossa intenção não é criar vereadores, mas fazer com que eles aprendam como funciona o Legislativo, a politica e, assim, vários já manifestaram o desejo de serem políticos quando se tornarem adultos”.

Os professores das escolas de onde saem os vereadores mirins, segundo a diretora da Elmar, dizem que muitos desses alunos têm melhorado na sala de aula, no desempenho da escrita, na oratória e na socialização com os colegas.

“Esse projeto tem dado muitos frutos, inclusive, a cada ano que passa, aumenta o número de escolas que querem participar. Muitas escolas estão nos procurando porque é um projeto que ensina na prática, não só na teoria, tem sido realmente muito proveitoso”, avalia Gabriela Silva.

Por Eleutério Gomes – Correspondente em Marabá