Cinco partidos protocolam pedido de impeachment de Bolsonaro

Até agora foram protocolados 61 pedidos de impedimento contra o presidente

Continua depois da publicidade

Brasília – Formulada por cinco partidos (Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT), deverá ser entregue ainda essa semana o pedido coletivo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A peça vai incluir na justificativa o colapso da saúde no Amazonas, a por falta de oxigênio no Pará, responsabilizando o presidente pelo descaso e falta de coordenação federal no enfretamento da pandemia por Covid-19 em todo o Brasil. Desde o início de seu governo, foram protocolados 61 pedidos de impedimento contra o presidente.

No pedido de impedimento de Bolsonaro também vai conter o dado de que o governo federal sabia da situação crítica de escassez de oxigênio nos hospitais desde o dia 8 de janeiro, seis dias antes de pessoas começarem a morrer asfixiadas em Manaus (AM).

De acordo com o gabinete do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a peça está sendo redigida e deverá ser entregue ainda essa semana. Parlamentares da Rede ainda tentam reunir assinaturas para a criação de uma CPI e de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Coronavírus para “apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia da covid-19 no Brasil”.

Até integrantes do Centrão sinalizam positivamente para o impedimento do presidente. “A gota d’água foi a crise no Amazonas. Uma parte da ala de apoio começa a se mobilizar para impedir o presidente”, disse um dos líderes do Centrão consultado pela reportagem.

Segundo essa fonte, os acontecimentos dos últimos dias envolvendo o caos na saúde e problemas como a falta de vacinas e insumos para sua fabricação no território nacional são suficientes para a abertura do impedimento do presidente por incapacidade de coordenar as ações de combate à pandemia do novo coronavírus.

Pressão vai impactar na eleição das novas direções da Câmara e do Senado

A pressão por pedidos de impedimento do presidente vai afetar a campanha dos candidatos da preferência de Bolsonaro à presidência da Câmara e do Senado. Muitos parlamentares, inclusive da base de apoio ao governo, intensificaram as articulações contra a gestão federal em virtude do agravamento do combate ao coronavírus e da insistência do mandatário em apostar no tratamento precoce contra a covid-19, com remédios sem eficácia comprovada, em detrimento da campanha de vacinação que, segundo as fontes ouvidas pela reportagem, foi deliberadamente negligenciada pelo Ministério da Saúde por ordem do próprio presidente.

Panelaços

Na semana passada, movimentos sociais, políticos e celebridades aderiram a panelaços anti-Bolsonaro realizados nas principais cidades do País. A iniciativa ganhou inclusive a adesão do apresentador Luciano Huck, um potencial presidenciável em 2022. Antes da formulação do pedido conjunto, partidos da oposição já haviam elaborado e entregue solicitações próprias do impedimento do presidente.

“Esse pedido não pode ter barreira (ideológica). Isso é PT, PCdoB, Cidadania… Se amanhã o PSDB ou o próprio DEM quiserem (participar), acho que não pode ter barreira ideológica. A pauta tem que unir todo mundo”, afirmou Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, sigla que custou a se reaproximar do PT depois das eleições de 2018.

Outra razão seria o fracasso econômico desde o início da gestão. “Os preços da cesta-básica dobraram de preço, combustíveis não param de escalar o valor, somado ao fracasso da gestão do ministro Paulo Guedes, da Economia, que nada entregou de reformas, é a tempestade perfeita para levar o barco (Brasil) ao naufrágio”, disse um dos líderes que conversaram com a reportagem.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.