Ananindeua lidera falta de saneamento básico no país, diz Trata Brasil

Mas ele não está sozinho: Santarém é 4º e Belém, 6º pior do país. Parauapebas e Marabá não ajudaram reforçar a avaliação ruim porque ainda não estão entre as 100 maiores. Ainda não.

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Parece notícia velha, repetida, mas acaba de sair do forno do “Ranking de Saneamento 2020”, elaborado pelo Instituto Trata Brasil: as cidades de Belém, Santarém e Ananindeua são as mais imundas do Brasil, do ponto de vista do saneamento básico. O Blog do Zé Dudu folheou as 134 páginas do estudo completo elaborado pela consultoria GO Associados para chegar à triste conclusão de que, pela enésima vez, o Pará passa vergonha nacional com suas maiores cidades em cenários que mais parecem pocilgas urbanas. Os dados são uma compilação de dados oficiais de 2018 gerados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Entre os 100 municípios mais populosos do país, Ananindeua é o que detém os piores indicadores de saneamento básico. Conseguiu superar Porto Velho (RO), que era o pior de todos no ranking do ano passado. Segundo o Instituto Trata Brasil, apenas 2,05% da população de Ananindeua têm acesso ao serviço de coleta de esgoto e apenas 32,63% veem água encanada em casa. São os mais baixos índices do Brasil.

Em Santarém, detentor do 4º pior saneamento entre os municípios, a situação não é diferente. No principal município do oeste do estado, apenas 4,19% dos habitantes são privilegiados com algo que deveria ser direito universal, como a rede de esgotamento sanitário. E pouco mais da metade, 51,29%, dispõe de água encanada na torneira.

Já Belém, metrópole de 1,5 milhão de pessoas, que chegou a ser uma das três cidades mais ricas do mundo nos tempos áureos da borracha e uma das mais influentes do país, ditando regras sociais e estilos de vida, é o 6º pior do Brasil no quesito saneamento. A capital paraense caiu cinco posições em relação ao levantamento anterior, comprovando uma das teses de Murphy, segundo a qual “nada é tão ruim que não possa piorar”.

Na maior cidade do Pará, 86,44% da população não têm acesso à rede de esgoto e falta água encanada para 29,7% dos moradores. Em termos didáticos, o número de sem-esgoto de Belém daria para erguer cinco cidades do tamanho de Marabá e o total dos desprovidos de água que vem da rede geral é suficiente para montar duas cidades de Parauapebas.

Ranking do Saneamento 2020 – Detalhes do Estudo

Maiores do sudeste do Pará

Marabá e Parauapebas, aliás, não entraram no ranking porque ainda não estão entre os 100 municípios mais populosos do país, embora sejam os lugares mais populosos do sudeste do Pará, com mais de 200 mil habitantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marabá é o 102º e Parauapebas, o 149º no ranking nacional em número de moradores. Se, por outro lado, entrassem na lista do Instituto Trata Brasil, reforçariam com seus indicadores igualmente ruins a triste situação que há décadas lança o Pará à fossa, por contar com as cidades mais desprovidas de condições de habitabilidade.

Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu junto ao SNIS, mesma fonte que originou os dados do Trata Brasil, revelam que em Marabá 65,8% dos residentes não têm água encanada e 99,4% não têm acesso a esgoto. Em Parauapebas, 10,1% não têm água encanada e 84,1% não tem acesso à rede esgoto. Com esses números, certamente ambos os municípios encontrariam lugar entre os dez piores do país, com a lamentável possibilidade de, também, Marabá ocupar o lugar hoje pertencente a Ananindeua (pior de todos).

No Pará, menos da metade da população tem acesso à água encanada, 45,6%, e rede de esgoto é artigo de luxo para 5,2% dos paraenses. Os dois municípios brasileiros com os melhores indicadores de saneamento básico são os paulistas Santos e Franca. São Paulo tem as cidades mais desenvolvidas e organizadas nesse aspecto, seguido do Paraná.