Alepa aprova título de Cidadão do Pará a Sérgio Moro

Proposta partiu do deputado Caveira, que antes conseguiu aprovar mesmo título ao presidente Jair Bolsonaro, sob protestos do PSol e PT. Ainda hoje (5) Datafolha mostrou que avaliação positiva do ministro se mantém em alta.
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública para ouvir o ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, sobre informações e esclarecimentos a respeito das notícias veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Lava Jato.rrEm destaque, ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.r rFoto: Pedro França/Agência Senado

Continua depois da publicidade

Depois do presidente Jair Bolsonaro, chegou a vez de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, receber da Assembleia Legislativa do Pará o título honorífico de “Cidadão do Pará”. A concessão da honraria foi aprovada por 20 votos a 2 na sessão desta quarta-feira (4), sob os protestos da líder do PSol na Casa, deputada Marinor Brito. Além dela, o deputado Dirceu Ten Caten (PT) também se posicionou contra a proposta.

A votação foi nominal e, por um momento, provocou brincadeiras de deputados presentes com Marinor Brito, que ainda durante a votação, que é eletrônica, reclamou à Mesa Diretora que seu voto, contrário, não aparecia no painel. “Calma, deputada. Os nomes que estão aparecendo é de quem votou. Ainda não é o resultado”, tranquilizou o presidente da Casa, Dr. Daniel Santos (MDB), em meio a sorrisos diante da reação de preocupação da colega de plenário.

Antes disso, da tribuna, Marinor Brito havia girado a metralhadora contra Sérgio Moro em um longo pronunciamento em que o ministro chegou a ser chamado de “filhote do Bolsonaro”, pela psolista. “A sede de Moro nunca foi pela justiça, pois não há justiça em tribunal de exceção”, disse ela, para quem o ministro não passa de um “tirano”, que “falseou para o povo brasileiro que agiria em defesa da ética, da moralidade” no combate à corrupção e que se revelou como “uma das lideranças do neofascismo”.

Marinor destacou o livro publicado por 122 juristas sobre as “atrocidades processuais” cometidas por Sérgio Moro, quando juiz da Operação Lavajato, que resultaram na condenação à prisão do ex-presidente Lula. “Moro é um péssimo exemplo de brasileiro e não merece ser um cidadão paraense”, opinou a líder do PSol.

Apesar de presente na sessão, o autor do projeto, o deputado Delegado Caveira (PP), não se pronunciou ao contrário do que fez na sessão que aprovou o título de Cidadão do Pará para o presidente Jair Bolsonaro, em 11 de junho deste ano, com 22 votos favoráveis.

A defesa a Sérgio Moro coube aos deputados petebistas Ângelo Ferrari e Delegado Toni Cunha. “Vou entregar não só uma medalha, mas um troféu a este brasileiro, que foi o juiz que mais colocou corrupto na cadeia”, disse Ferrari. Toni Cunha endossou: “É um grande cidadão, um homem com coragem de enfrentar um dos maiores esquemas de corrupção da humanidade”.

Como delegado da Polícia Federal, Toni Cunha contou que, por um ano, participou de investigações da Lavajato. “E eu atesto o trabalho sério, republicano e democrático (da Polícia Federal)”, enfatizou o parlamentar em contraponto a críticas de que a PF estaria a serviço de políticos dentro de um perfil ideológico.

“A Polícia Federal se reformulou e tenta ficar cada vez mais longe dos holofotes”, afirmou Toni Cunha, para quem Sérgio Moro realizou um grande trabalho à frente da operação. “O ministro Sérgio Moro, querendo ou não, é um exemplo de combate, de persistência, tranquilidade no processo de combate à criminalidade”, elogiou o petebista.

Popularidade

Hoje (5), um dia após a Alepa aprovar o título de Cidadão do Pará a Sérgio Moro, foi divulgada a pesquisa do Datafolha que mostra que o ministro da Justiça e de Segurança Pública continua sendo o mais bem avaliado pela população do Governo Bolsonaro, apesar das crises que tem enfrentado.

Segundo a pesquisa, feita com 2.878 pessoas em 175 municípios, 54% dos entrevistados avaliaram como ótimo/boa a gestão de Sérgio Moro e 24%, como regular. Outros 20% avaliaram como péssima. A avaliação do ministro é bem melhor que a do próprio presidente da República, que na pesquisa recebeu aprovação de apenas 29% dos entrevistados.

Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém

Foto: Agência Senado