3º maior exportador, Pará tem 3º pior rendimento mensal, revela IBGE

Paraense sobrevive com menos de salário mínimo e situação só não é pior que a de Alagoas e Maranhão. Nem mesmo o fato de ser gigante na balança comercial o livra da vergonha social.

Continua depois da publicidade

Parece piada de muito mau gosto, mas é verdade e tem assinatura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma das entidades de maior prestígio de seu ramo no mundo: cada paraense passa o mês, em média, com R$ 806,76. É menos que a média da Região Norte (R$ 950,64) e quase metade do rendimento nacional (R$ 1.438,67). É uma vergonha que apenas reforça a condição de subdesenvolvimento do estado que, atualmente, é o 3º maior exportador de commodities do país, de acordo com dados do Ministério da Economia. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.

Mas mesmo essa superprodução, que nem fica no estado e interessa a poucos, é capaz de mascarar a quantidade de mazelas a que o estado tem sido relegado. Ontem, sexta-feira (28), o IBGE divulgou os valores dos rendimentos domiciliares per capita consolidados em 2019, calculados com base nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU). O Pará só não pegou o cetro de pior renda porque Alagoas (R$ 730,86) e Maranhão (R$ 635,59) têm rendimentos ainda piores.

Esses dados, aliás, servem de parâmetro para rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e, se serve de consolo, por ter rendimento extremamente baixo, as migalhas recebidas da União pelo Governo do Pará tendem a ser menos piores que os ganhos das demais Unidades da Federação. Os melhores rendimentos anunciados pelo IBGE estão no Distrito Federal (R$ 2.685,76), São Paulo (R$ 1.945,73) e Rio de Janeiro (R$ 1.881,57).

Os indicadores ruins do Pará refletem a situação de degradação do mercado de trabalho paraense, que emprega mal e remunera pior ainda. Não por acaso, segundo o IBGE, o estado encerrou 2019 como o rei da informalidade no país, com absurdos 62,4% de sua população ocupada trabalhando sem vínculo formal. O lado oposto disso é o fato de o Pará deter a menor taxa de contribuição previdenciária, já que somente 38,4% dos trabalhadores estão formalizados.

Na soma de tudo, o mais rico estado do Norte e mais importante do Brasil (considerando-se o lucro na balança comercial) amarga números pífios de desenvolvimento e que não se traduzem em enriquecimento de sua população, esta a qual é freguesa nas estatísticas de precariedade das condições de vida, na teoria e na prática.