Justiça expede reintegração de posse de área ocupada pela FNL, mas manifestantes não obedecem a ordem.

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Já eram quatro horas da tarde desta segunda-feira (27) quando o Oficial de Justiça chegou na portaria que dá acesso a Floresta Nacional de Carajás para entregar, aos representantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), uma intimação sobre o movimento.

“O Poder Judiciário, através da Juíza, expediu um mandato de reintegração de posse da área e o oficial de justiça veio citar as pessoas que estão fazendo a interdição. A PM só veio garantir que o oficial cumpra o papel dele”, esclareceu o subcomandante do 23º Batalhão da Polícia Militar, Major Sérgio Pastana, que na sequência se retirou do local.

Apesar do anúncio, uma assentada que participa da paralisação, Vanilma Rocha, afirmou que não há prazo para que a FNL desocupe as três áreas. De acordo com ela, a Vale tem descumprido algumas negociações com os assentados e agregados.

“Vamos passar a noite, o dia, o tempo necessário. Nós só queremos os nossos direitos”, disse a assentada, destacando que entre as solicitações estão a melhoria da comunicação com instalação de torre de celular; construção de escola; posto de saúde; e apoio na produção para cerca de 28 comunidades.

No momento em que nossa equipe de reportagem esteve no local, os carros de passeio, pessoas que iam para o aeroporto, ambulâncias, entre outros veículos, eram liberados para subir ou descer a Serra dos Carajás. Porém, a fila de ônibus com trabalhadores da Mineradora Vale e caminhões ocupavam a PA-275, além das ruas E e F, chegando próximo ao Rio Verde.

Por volta das 23 horas, os manifestantes permaneciam interditando as áreas.

Sobre a interdição em Parauapebas, a Assessoria de imprensa da Vale emitiu a seguinte nota:

“Integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) interditam, desde a madrugada desta segunda-feira, 27/11, a Estrada de Ferro Carajás, a portaria de Carajás e a rodovia Faruk Salmen, no município de Parauapebas (PA), prejudicando o acesso dos empregados e prestadores de serviço e impedindo o transporte de passageiros e cargas. A Vale informa que obstruir a ferrovia e impedir o direito de ir e vir das pessoas são crimes passíveis de multa e prisão e que adotará as medidas judiciais cabíveis para desinterdição das vias e portaria.

A Vale repudia veementemente a ação criminosa e ilegal da Frente Nacional de Luta (FNL) e refuta as afirmações feitas por integrantes do movimento. Em nenhum momento, a empresa fez acordos com a FNL, como informado pelo movimento. A pauta de reivindicações relacionada à infraestrutura e de responsabilidade do Poder Público foi acolhida pelos órgãos públicos competentes que, inclusive, reuniam-se com o grupo em encontros mensais, o que torna ainda mais injustificável a ação intempestiva da FNL. A Vale participou destas reuniões como convidada, atendendo ao convite dos órgãos públicos e também como parte de sua política de responsabilidade social.

A empresa ressalta a sua indignação com atos como este, que não contribuem em nada para o diálogo, e reforça ainda que, diante desta ação ilegal, fica rompida qualquer participação da Vale em tais discussões.

Interdição prejudica a região

Com a interdição, a operação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) está paralisada e o trem de passageiros está suspenso, impactando mais de 1.300 pessoas que diariamente usam o transporte ferroviário. A ação impacta ainda consideravelmente as cidades do Sul e Sudeste paraense, com a possibilidade de problemas no abastecimento de combustível, que é transportado pela ferrovia, além de provocar a queda na arrecadação municipal e a insegurança na implantação de novos empreendimentos na região.

Sobre o trem de passageiros

O trem de passageiros não circulou hoje de São Luís para Parauapebas e não irá partir de Parauapebas para São Luís nesta terça-feira. Mais informações podem ser obtidas no Alô Ferrovias: 0800 285 7000.”