Santarém, Belém e Ananindeua dividem troféu de piores do saneamento do Brasil

Se Marabá e Parauapebas estivessem entre os 100+, também passariam vergonha nos últimos lugares. Situação do Pará piora a cada ano e seus indicadores sociais afugentam investidores.

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Aconteceu o que o Blog do Zé Dudu havia premunido em diversas reportagens desde 2018: Santarém, Belém e Ananindeua, os três municípios mais populosos do Pará, dividem com Porto Velho (RO) o troféu de piores do Brasil em saneamento básico. A informação foi lançada nesta terça-feira (23) pelo Instituto Trata Brasil, que divulgou o “Ranking do Saneamento 2019”, que leva em conta exclusivamente os 100 municípios mais populosos do país.

O desempenho ruim e vexatório das maiores cidades do estado é reflexo do Pará como um todo, onde o serviço de saneamento básico nunca foi prioridade, de modo que o estado amarga um dos últimos lugares em oferta de água encanada e esgotamento sanitário. A cada novo indicador socioeconômico divulgado, seja por qual for a entidade que assine o estudo, o Pará é lançado à fossa. A própria capital do estado, Belém, é o reflexo da imundície social e do atraso em que o estado mergulhou há décadas.

O Instituto Trata Brasil revelou, num relatório de 128 páginas analisado pelo Blog, que “Belém trata apenas 0,78% dos esgotos, fazendo parte das 12 capitais que tratam valores próximos ou inferiores a 50% dos esgotos gerados”. O estudo mostra ainda que a capital paraense é uma das que menos investiram em saneamento por habitante. Foram R$ 266,7 milhões entre 2013 e 2017, com drástica diminuição de investimentos de 2016 (R$ 71,82 milhões) para 2017 (R$ 30,6 milhões). Não por acaso, Belém tem o 11º pior saneamento básico nacional entre os municípios mais populosos.

Já Ananindeua, detentor do 2º pior saneamento básico, é lanterninha quando o assunto é atendimento urbano de água. Lá 32,5% da população têm acesso ao líquido precioso pela rede geral. Ananindeua também possui o mínimo da população atendida com serviço de coleta de esgoto, 0,98%. E é, ao lado do conterrâneo Santarém e das capitais Porto Velho (RO) e Macapá (AP), a localidade que, segundo o Trata Brasil, sempre esteve nas dez últimas posições do Ranking de Saneamento desde que o levantamento foi criado.

Ocupando a 4ª pior colocação nacional, Santarém também apresenta números ruins de água encanada e esgotamento sanitário. Marabá e Parauapebas não entraram na pesquisa porque, por enquanto, ainda não estão entre os mais populosos do país. Contudo, se estivessem, também ocupariam as piores posições no ranking.

Segundo o Instituto Trata Brasil, dos 20 piores municípios, cinco são do Rio de Janeiro, três são do Pará e dois são do Rio Grande do Sul. Por outro lado, dos 20 melhores, dez estão em São Paulo e cinco no Paraná. A lista é liderada pelos paulistas Franca e Santos, detentores das melhores e mais eficientes redes de saneamento básico do país.