Operação no Projeto Carajás completa 30 anos. “Vários desafios foram vencidos”, afirma Paulo Horta, diretor da Vale

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BrenoHá exatos 48 anos, começava uma história que já faz parte da vida de milhares de pessoas: foi na manhã do dia 31 de julho de 1967 que o Geólogo Breno dos Santos(foto com funcionários da Vale) descobriu a primeira jazida de minério de ferro da região de Carajás. Quase duas décadas depois, em 1985, foi iniciada a operação do Projeto Ferro Carajás.

Hoje, data em que a Vale comemora a data da descoberta histórica e os 30 anos do início das operações nesse grande projeto, publicamos o resultado de uma entrevista com Paulo Horta, Diretor de Ferrosos Norte da empresa. Ele fala sobre a importância e os benefícios do projeto; sobre a vida útil das minas de Carajás; como a empresa lida com a atual crise; sobre a relação com o IBAMA, ICMBio e com a própria comunidade; a atitude da empresa frente a manifestações que envolvem paralisação das atividades; entre outros assuntos.

A entrevista foi concedida no dia 29 de julho, durante uma visita de jornalistas à sede das operações da empresa em Carajás, no município de Parauapebas, Pará.

“Foi um projeto, naquela época, extremamente desafiador: construir uma mina e uma ferrovia de quase 900 km e um porto, em uma região inóspita, no meio da floresta amazônica. Foi um grande empreendimento”. Assim o diretor começou falando do início de tudo. Segundo ele, a transformação em uma província mineral trouxe benefícios tanto para a região quanto pro Brasil. “É um projeto de enorme impacto a nível nacional e mundial”, diz.

20150729_110234Para Paulo Horta, além da geração de empregos e do desenvolvimento da economia, há uma importância em termos sociais devido aos investimentos diretos e indiretos que a própria mineração induz na região, além da atuação da Fundação Vale que, segundo ele, faz extensos investimentos sociais. Mas, um dos pontos de “orgulho” para a empresa, de acordo com o diretor, é a proteção ambiental. “Hoje a mineração é responsável direto, em conjunto com os órgãos ambientais: ICM Bio e o IBAMA, pela preservação de um mosaico de reservas naturais aqui na nossa região. São 1 milhão e 200 mil hectares de reservas protegidas. Desses, a FLONA tem 400 mil hectares. A mineração atua em menos de 3% dessas áreas. No caso do Projeto Ferro Carajás, a Mineração está protegendo”, garante.

Vida útil de Carajás

Sem querer precisar o número exato de anos que ainda restam de vida útil para as minas de Carajás, Horta fez uma brincadeira: “eu diria com tranquilidade que, mantendo as condições atuais, meus bisnetos e tataranetos trabalharão no setor mineral”. Segundo ele, a vida de uma mina depende de fatores que mudam com o tempo. Basicamente, as variáveis são a demanda do mercado, a disponibilidade do produto e a tecnologia disponível.

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“O que a gente tem hoje aqui no sudeste do Pará, que a gente chama de reserva geológica (é o que você conhece, o que você tem certeza) são 7 bilhões de toneladas”, afirma. Mas, ainda há recursos minerais sendo investigados e trabalhos de conhecimento geológico em andamento. A empresa também está investindo numa espécie de recuperação do minério que havia sido rejeitado ao longo desses anos, no processo de beneficiamento com água. “Aqueles rejeitos finos iam pra barragem de contenção. Agora, estamos transformando toda a produção de Carajás em produção a seco. Hoje já está em 70% a seco e em 2019, não se vai usar um grama de água pra beneficiar”, diz o diretor.

Cerca de três milhões de toneladas de minério que está na barragem de rejeito são reaproveitados por ano. “O que era rejeito no passado, se transforma em minério no presente através de mudança tecnológica”, comemora.

Sobrevivendo à crise

Segundo Paulo Horta, o mercado de commodities está voltando aos patamares de 2002. “Estamos retornando ao que era no passado. Houve um superciclo de crescimento econômico propiciado pelo alto grau de desenvolvimento acelerado da China, e estamos voltando ao que era em 2002. A gente sobrevivia bem”, lembra. Para ele, a Vale está em um setor econômico competitivo e precisa ser cada vez mais produtiva.

Segundo Horta, as demissões ocorridas fazem parte de um turnover natural, termo em inglês que significa renovação na empresa. “Fizemos desligamentos como fizemos contratações”, explica. Sobre a produção, as expectativas são as melhores: “a nossa produção desse ano vai ser maior do que foi a do ano passado. E a do ano que vem vai ser maior que esse ano. Do ponto de vista operacional, vamos ser cada vez mais produtivos e competitivos”. Só no primeiro semestre de 2015, a empresa produziu 159,8 milhões de toneladas de minério de ferro. Carajás produziu 59,1 milhões de toneladas desse total, o que representa 36% de toda a produção da Vale.

Sobre a atual situação econômica mundial, o diretor foi enfático: “uma empresa que quer ser mundial e ter uma longa vida tem que estar preparada para os ciclos menos favoráveis. O DNA tem que ser austero, onde você produz com o menor recurso possível. Se você for nessa linha e tiver recursos minerais de classe mundial, que é o nosso caso, você vai sobreviver”.

Mudanças de estratégia também são possíveis, como a separação das operações da Vale: “o que já é público é uma possibilidade de separar ferrosos e metais básicos para o mercado enxergar duas operações diferentes. Uma possibilidade no futuro pode ser essa separação”.

Importância do Ferro Carajás

A Vale teve várias fases: Itabira, em 42, porto de Tubarão, na década de 60, Carajás, na década de 80, e vai ser o S11D nessa década. Para a Vale, o projeto Ferro Carajás S11D, localizado em Canaã dos Carajás é fundamental para o Brasil continuar sendo competitivo no mercado mundial de minério de ferro por dois fatores: a alta qualidade do minério e as tecnologias inovadoras empregadas na sua extração. “Ele tem a responsabilidade de manter a competitividade da Vale e do Brasil no minério de ferro”.

Segundo Horta, Carajás representa 37% do minério de ferro extraído pela Vale. “Com o S11D, vai se aproximar, em 2019/2020, a quase 50%”, diz. Isso fora as operações de cobre, níquel e manganês.

Vale e Comunidade

Paulo Horta demonstrou interesse pelo bom relacionamento com a comunidade. “Procuramos a solução pelo diálogo. Podemos não atender a determinadas expectativas, porque como se trata uma empresa de grande porte, as expectativas são elevadas”, assume.

foto1aSegundo ele, a ideia é tornar a operação perfeitamente inserida no contexto da região. Mas, não é sempre assim. Algumas manifestações são contidas pela via legal: “existem movimentos com os quais não concordamos e recorremos aos mecanismos legais para diminuir o efeito negativo que as ações têm sobre as nossas operações. Isso é evidente”.

Mesmo assim, o diretor acredita em uma evolução nesse relacionamento: “tanto a Vale quanto o setor produtivo, passou por mudanças grandes nos últimos 30 anos. Hoje, o relacionamento de uma grande empresa com a sociedade é muito mais intenso”, diz. Ele ressalta a importância de se manter uma harmonia com os grupos que são afetados, interferem ou têm interesse no empreendimento:  “temos pessoas altamente especializadas em discutir esses temas. Hoje, a Vale se preocupa muito mais em investimentos que sejam perenes e gerem renda do que investimentos paliativos”.

Agradecimento e orgulho dessa história

“Tenho muito orgulho e satisfação de estar hoje nesse momento de Carajás. Estou há três anos aqui e tenho respeito profundo pelas pessoas que vieram há 30, 40 anos, em situações difíceis de vida, muitas vezes longe das famílias, pra poder implantar e iniciar a operação de um projeto como esse”, afirma Paulo Horta.

Para ele, o diálogo que a empresa tem aberto com a comunidade e a negociação vão melhorar o relacionamento, de maneira que a riqueza gerada “seja fixada na região e no país”. O diretor parabenizou e agradeceu pioneiros e trabalhadores atuais da Vale, que atualmente tem 40 mil empregados entre próprios e terceirizados. Na região, são 7 mil empregados Vale e 1500 terceirizados.

Alternativa de acesso a Carajás

Paulo Horta também falou de um projeto, já em fase de licenciamento ambiental, para construir uma alternativa de acesso a Carajás passando pela APA do Gelado. “É um projeto para ter uma segunda via, desafogar o tráfego da Raymundo Mascarenhas”. Questionado sobre os acidentes que ocorrem constantemente na rodovia, ele afirmou que é uma Rodovia Estadual, “uma das melhores em termos de sinalização e pavimentação do Pará, senão, do Brasil”. Ressaltou as campanhas de educação e prevenção promovidas pela empresa, além dos radares instalados. “Queremos fazer um convênio com algum órgão municipal ou estadual pra assumir isso, porque temos controle com os nossos empregados, temos um rigor muito grande”. Sobre a segurança da rodovia, ele afirmou: “Ela é perfeitamente segura, se respeitados os limites de velocidade e sinalização”.

3 comentários em “Operação no Projeto Carajás completa 30 anos. “Vários desafios foram vencidos”, afirma Paulo Horta, diretor da Vale

  1. lucas Responder

    boa noite ,sou morador de Parauapebas, vemos fala muito em crise na vale, que ela vai para as operações ,tenho medo pois nossa cidade depende dela .
    e hora de ter medo ?

    • Zé Dudu Autor do postResponder

      Não. A Vale fechou ontem (23/8) a venda antecipada de cerca de U$9 bi em minério de ferro, o que fará com que as vendas sejam normalizadas a um preço justo. Ganha a VAle, que tem seu produto colocado no mercado e ganha o município, que tem a certeza da receita futura em escala igualitária.

  2. Cecilia Ribeiro Cabral Responder

    Conheci Sr. Paulo Horta Comandando o Terminal de Minério na Ilha Da Guiba e Mangaratiba -RJ. Fez uma parceria maravilhosa na Sec. De Açao Social da qual eu era secretária na época.Gostaria muito de obter seu contato novamente.

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