Empregados da Vale no Maranhão se reúnem para discutir demissões com sindicato. Demissões fomentam movimentos sindicais em 4 Estados

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Trabalhadores da Vale interromperam suas atividades por duas horas em São Luís (MA) para se reunir com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Maranhão, Pará e Tocantins (Stefem), na quinta-feira (16). A conversa teve como objetivo discutir as demissões realizadas pela mineradora neste ano.

Vale_São_LuísSomente neste ano, de janeiro até abril, aproximadamente 300 pessoas foram demitidas pela Vale no Maranhão, disse Novarck de Oliveira, diretor de Comunicação de Política Sindical do Stefem. Segundo ele, o intuito do sindicato é buscar um diálogo com a Vale para compreender a atual crise e até onde ela pode ir, para haver, então, condições de negociar as demissões e propor melhores soluções.

“Não há mais um diálogo eficiente com a mineradora e queremos que qualquer passo que seja dado por ela que afete os empregados, seja discutido com o sindicato. A Vale tem muita coisa pra fazer antes de demitir”, disse Oliveira.

Nesta sexta-feira (17), o presidente do Stefem e o sindicato Metabase de Carajás (PA) vão se reunir para discutir a situação da Vale no Rio de Janeiro, de acordo com Oliveira.

A assessoria da Vale disse, por e-mail, que não houve paralisação em São Luís (MA). Segundo a mineradora, os empregados tiveram uma conversa com o sindicato sobre acordo coletivo. A Vale disse que não comenta negociações em andamento com sindicatos.

A mesma situação ocorreu em Parauapebas na quarta-feira (15). Cerca de 1.500 empregados da Vale se reuniram na portaria de N-5, em Carajás, para conversar com representantes do Sindicato Metabase Carajás. As demissões e o possível corte dos 14º e 15º salários por parte da Vale foram os principais temas da conversa.

Demissões
A companhia fechou 2014 com 76.531 empregados diretos no Brasil e no exterior, 1.276 pessoas a menos em relação aos 77.807 contratados de 2013. Em 2012, eram 79.411 empregados diretos. A base de comparação exclui, em 2012 e 2013, empregados que pertenciam a empresas vendidas pela Vale, caso da Valor da Logística Integrada (VLI). Só com criação da VLI, 5.442 empregados deixaram a base funcional da Vale em 2013.

De acordo com a mineradora, a empresa historicamente registra troca de 5% por ano em seu quadro de empregados. No setor de mineração no Brasil, o turn over é maior, da ordem de 15%. Estão incluídos trabalhadores que deixam a empresa porque foram demitidas, se aposentaram ou pediram para sair e podem ser substituídas, em parte, por novos empregados recrutados no mercado.

No atual cenário da mineração, o que está acontecendo é que cerca de um terço das vagas dos empregados da Vale incluídos no turn over de 5% não está sendo reposta. Em 2014, considerando o contingente total de mão de obra direto na Vale, de 76.531 trabalhadores, 3,8 mil empregados foram trocados. Destes, cerca de um terço, ou aproximadamente 1,2 mil trabalhadores, tiveram os postos de trabalho encerrados.

PavãoEm Parauapebas, o sindicato Metabase de Carajás contabiliza 110 demissões este ano. Os sindicatos dizem que poderão fazer manifestação conjunta em frente à sede da Vale, no centro do Rio de Janeiro, em 29 de abril, data que coincide com a reunião do novo Conselho de Administração da empresa. “A Vale demite mais do que contrata”, disse Raimundo Amorim (foto), do Metabase de Carajás.

A Vale também vem ampliando políticas na área de recursos humanos que reconhecem os melhores empregados. A empresa implementou o programa “Carreira e Sucessão” em que os trabalhadores são avaliados de acordo com a competência e com o desempenho. Até 2013, o programa de avaliação envolvia 18 mil pessoas, incluindo gestores e especialistas. A partir de 2014, 100% dos empregados no Brasil passaram a ser avaliados no programa.

A queda nos preços do minério de ferro levou a Vale a ter fortes perdas de receita no seu principal negócio, o de minerais ferrosos. Essa situação levou a companhia a aprofundar a redução de custos. Quando a atual administração da Vale assumiu a empresa, em 2011, o preço da commodity era de US$ 191 por tonelada. Hoje o preço ronda os US$ 50 por tonelada, queda de quase 75%. Com  informações do Valor Econômico.