Sem o direito de ir e vir

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Por Lima Rodrigues

Um absurdo. Um desrespeito. Uma brutalidade. Assim poderemos definir o que vem ocorrendo no Pará há muitos anos e, especialmente, nos últimos meses, com a atitude do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ao fechar rodovias e não deixar ninguém passar, inclusive ambulâncias.

foto- Ocupação estrada

O sofrimento é geral e atinge crianças, jovens, adultos e idosos; pessoas com problemas de saúde e motoristas que transportam cargas perecíveis no sul e sudeste do Pará. O governo poderia tomar uma atitude mais rígida e o Congresso Nacional deveria aprovar um projeto para que, quem bloqueasse rodovias com paus e pneus, impedindo a passagem de pessoas e veículos, fosse preso imediatamente.

Não sou contra os Sem-Terra, apenas peço respeito às pessoas. Vivi na pele esta situação. Por que os trabalhadores sem terra não vão protestar em frente ao Incra em Marabá, em Belém ou em Brasília? Respeitem o direito das pessoas de ir e vir. É um direito constitucional. Entendo serem justas suas reivindicações, como, por exemplo, melhorias nos assentamentos já implantados e liberação de linhas de crédito, entre outras coisas.

Lima ônibus 2Viagem

Cheguei de Brasília no voo da Gol no domingo à noite e na segunda-feira às 8h30 da manhã peguei um ônibus em Imperatriz (MA) com destino a Parauapebas (PA). A viagem vinha tranquila até Marabá, onde almoçamos. Por volta de 14h30, já na BR 155, chegamos à vila Sororó, a 40 quilômetros de Marabá. Lá, a fila de caminhões, automóveis e ônibus já era bastante grande. Todo mundo esperando a boa vontade dos Sem-Terra em liberar a estrada. Até hoje a tarde, a rodovia ainda não havia sido liberada, pois dependeria de uma reunião de autoridades e lideranças do movimento marcada para às 16hs, em Marabá.

Espera

Após uma longa espera, no final do dia a Polícia Rodoviária Federal informou que a rodovia não seria liberada na segunda-feira e pediu para que todas as pessoas fossem embora. Muita gente ficou lá mesmo na beira da estrada. Outras pessoas voltaram para Marabá para se abrigarem em hotéis, já que nas vilas Sororó e Monte Sinai, do lado de cá, isto é, no sentido Marabá-Parauapebas, já não havia mais água mineral nas lanchonetes e os lanches não eram suficientes para atender a demanda de motoristas e famílias que aguardavam a liberação da rodovia.

Eu mesmo dormi em Marabá e nesta terça-feira pela manhã saí em busca de algum meio de transporte para chegar até a Parauapebas. O preço da passagem normal é R$ 25,00, mas motoristas de van estavam cobrando entre R$ 50,00 e R$ 60,00 até Parauapebas, alegando que tinham que fazer um longo desvio por estrada de terra. Outras pessoas optaram, ainda na noite de segunda-feira, em viajar no trem da Vale.

Isto é, repito, uma verdadeira falta de respeito às pessoas que querem exercer seu direito de ir e vir. As autoridades precisam tomar uma providência, para que essa violação aos direitos constitucionais não ocorra mais no Pará ou qualquer outro lugar do Brasil.

MST
A mobilização do MST cobra as promessas não cumpridas do superintendente nacional do INCRA, Carlos Guedes e Guedes, já que em fevereiro desse ano, Guedes esteve em Marabá e se comprometeu a desapropriar até novembro de 2014 oito áreas ocupadas pelo MST, que beneficiaria cerca de duas mil e quinhentas famílias.  Entretanto, as famílias seguem acampadas sem resposta do INCRA. A maioria dos acampamentos já passam de oito anos. A promessa de Guedes foi feita após uma infeliz  declaração em novembro de 2013 aos dirigentes do MST, dizendo que não “era responsável pela reforma agrária no Pará”. Diante da repercussão de sua afirmação na imprensa nacional Guedes resolveu fazer uma visita ao Pará e acordar tal promessa.

20 comentários em “Sem o direito de ir e vir

  1. Marinalza Responder

    A primeira dita “Reforma Agrária” de nossa região, foi ainda nos anos oitenta quando o município de Marabá era um dos maiores municípios de planeta e aconteceu onde hoje é Sedere I, II e III. Procure e veja se pelos um desses assentados ou seus descendentes ainda está lá, dou minha cara a tapa se você achar. Esses guerrilheiros entram na sua terra, te expulsam, te roubam e muitas vezes te matam e tudo isso com o aval do governo. Em um País onde a maioria dos governantes tem as mãos, as meias e até as cuecas sujas, o que mais devemos esperar se seus cidadãos?

  2. mauro Responder

    isso e resultado de anos de atrasso no pais udr gerou mst udr promover essa babaier eu vi na década 80 muito fazendeiro grilhando expulsando família de aglicultor para ficar com a terra dois peso duas medida que sofre e povo agora esta difícil conter essa situaçao

    • girico doido Responder

      a udr nem de longe se compara aos bandidos do MST,a udr sempre foi legalista,o mst é um antro de vagabundos que só entendem a linguagem da bala.

  3. Eraldo Lippaus Responder

    Há 7 anos meus pais, Eutimio Lippaus, de 77 anos, e Angelina Muller, de 70 anos, tiveram sua fazenda no município de Ourilândia do Norte, no Pará, invadida por pessoas que usam a bandeira de Sem Terras.
    A propriedade deles é documentada e no momento da invasão era totalmente produtiva, tendo a criação de 12 mil cabeças de gado.

    Meu pai nasceu “sem terra”. Filho de família pobre, passou fome e começou a trabalhar como tropeiro aos 13 anos de idade. Passo a passo, com dignidade e muito esforço, cresceu como comerciante, casou-se e constitui família, tendo 5 filhos.
    Desde sua juventude, a vida de meu pai e de nossa família foi trabalhar, empreender, gerar empregos, pagar impostos e reinvestir tudo que gerou de valor em mais negócios – dentro de nosso país.
    Tudo que meu pai conquistou na vida foi através de muito suor, trabalhando dia e noite, durante mais de 60 anos.

    A produtiva fazenda que formou em Ourilândia do Norte foi fruto do trabalho constante de 25 anos.
    Hoje, 7 anos depois do início da invasão, a fazenda está completamente tomada por inúmeras pessoas que lotearam 100% da área.
    Há casas e cabanas inclusive na frente da sede da fazenda, desafiando o equilíbrio psicológico de meus pais.

    O contínuo descaso total das autoridades, e em muitos momentos o apoio ao crime, fez a propriedade deles se tornar num grande loteamento clandestino. Os lotes são negociados para empresários da cidade e para famílias. Pode-se perguntar a qualquer pessoa que faz parte das invasões que eles afirmam que quase 100% dos “lotes” já foram negociados e vendidos.
    Não há em parte alguma sinal de atividade de reforma agrária. Não há sinal de “trabalhadores” como insistem as lideranças do INCRA. Há apenas crime.

    Há dentro da propriedade um conjunto sem fim de crimes praticados pelos invasores liderados por um vereador da cidade de Ourilândia do Norte PA líder do MST na região.
    • Venda de lotes de uma propriedade particular pertencente a outra pessoa.
    • Desmatamento e venda ilegal de madeira. (a reserva legal da fazenda já está quase totalmente destruída)
    • Matança de gado e venda da carne a terceiros.
    • Roubo de gado.
    • Ameaça de crime contra a vida dos funcionários da fazenda.
    • Invasão de propriedade particular.
    • Dano moral contínuo aos proprietários idosos.
    • Porte ilegal de armas.
    • Comercialização de drogas.
    • Impedimento do direito de ir e vir dos funcionários e proprietários.

    É inadmissível que nenhuma autoridade se sensibilize pela condição dessas duas pessoas com mais de 70 anos que lutaram a vida inteira.
    O país rasgou a constituição e rasgou principalmente o estatuto do idoso para estes dois brasileiros.
    As pessoas envolvidas na invasão, envolvidos nas negociações que trabalham no INCRA, polícia, justiça, igreja – estão todos co-participando de um lento assassinato de meus pais.
    Sim, eles estão matando-os aos poucos e ignoram completamente este fato.
    O efeito psíquico na vida dos dois é irreversível.

    Por favor, peço que se alguém entender que pode ajudar de alguma forma, que tenha sua consciência tocada e ajude meus pais. Eles merecem respeito e apoio.

    Agradeço!

    Eraldo Lippaus

    • girico doido Responder

      eu conheço uns meninos bons de serviço que fazem essa faxina por menos de vinte mil….não ficam nem os cachorros.

      • Paulo Responder

        O problema de fazer a faxina depois de 7 anos, é ai que vc perde a terra de vez.
        Isso tudo tinha que ser no inicio.

        • girico doido Responder

          eu nessa situação,perdido por perdido,vagabundo não ia rir da minha cara não,é mais fácil pilantra chorar do que dá ordem no que é meu,acredito que um doido só sossega quando aparece outro mais doido.

          • Paulo

            Eu penso como vc…
            Mas no caso falado, o kra ainda tem algumas mil cabeças na fazenda.
            Eu não arriscaria o resto que tenho só para matar uma duzia de F.D.P.

  4. Cristiane Responder

    Falta de respeito e de ação dos nossos governantes, o Governo tinha que agir também, isso é um absurdo bloquear o acesso para chegada de comida combustível, acesso a ambulâncias com doentes…Os sem terra agem assim por que ninguem faz nada, é cômodo para eles!

  5. vitor Responder

    Lamentavél,peço a DEUS que nenhum destes do MST , SOFRAM COMO OS PACIENTES DE HEMODIÁLISE!!! Somente quem ja presenciou ou teve um calculo renal sabe o sofrimento que É!!! RETIVERAM ATÉ O ÕNIBUS DA PMP QUE LEVA PACIENTES PARA TRATAMENTO EM MARABÁ!!!COVARDIA.

  6. M. R. Responder

    Falta de respeito. Deveriam ir pra porta do INCRA e não atrapalhar a vida de quem nao tem culpa disso.

  7. Molotov Responder

    isso acontece em países em que o governante não governa,onde a baterna está na ordem do dia,corrupção é a regra,países como o Brasil jamais chegará a ser uma grande nação enquanto os “direitos”estão sempre à frente dos deveres do cidadão,esse povinho que troca voto por esmola,é o mesmo que acha que o governo tem a solução e a resposta para tudo e para todos os dramas da população,para um povo assim,só tem uma solução,a mão de ferro do militarismo,aliás que saudade da década de 70,vagabundo não tinha vez,saudade também dos anos 80,lembro-me bem da interdição da ponte aqui em Marabá,o CEL. Reinaldo desobstruiu com a autoridade que deve ter um comandante da PM,detalhe o governador Hélio gueiros (papudin) segurou a bronca,cadê a liberdade dessa “democracia”fajuta?e o direito de ir e vir?

  8. Mauricio Responder

    O principal culpado disso é o governo (PT) Vivem incentivando estes “desocupados” com a promessa de reforma agraria e créditos. Será que o direito de reivindicação desse povo vale mais que o direito de ir e vir que esta previsto na constituição federal? Em outras ocupações como esta em outros Estados a policia já tinha descido bala de borracha para cima e liberado esta estrada.

    • Anônimo Responder

      Ninguém pensa nisso na hora de votar no PT. Circula na internet um vídeo onde o deputado Onix lLorenzoni ( RS ) alerta que o Ministério das Relações Exteriores liberou nossas fronteiras para “turistas” do Irã, Afganistão,Iraque, Síria e Paquistão e outros mansos sem nenhum tipo de exigência. Esta tropa não poderia estar chegando para treinar este pessoal do MST?

      Confira: http://www.youtube.com/watch?v=O7QMWXXgIXE

  9. Fabio Florencio Responder

    Isso é um absurdo, Tem que colocar na cadeia os organizadores desse movimento. O Direito de ir e vim é assegurado pela nossa lei maior, Constituição Federal. Esses marginais desfaçados de Sem terra acham que estao acima de todas as leis desse País. Cade os Políticos que buscam votos em tempos de eleição, pra fazer com que o Congresso Nacional exija das autoridades o desbloqueio das rodovias imediatamente.

    Enquanto eleitor votar pela barriga nunca vai parar de existir esse tipo de absurdo.

  10. bom senso Responder

    dez
    02
    Omissão do Incra potencializa tensões
    terça-feira , 2014, 9:18 / 0-Comentários

    Mais uma vez o Incra deve ser responsabilizado pelo bloqueio da BR-155, realizado pelo MST desde a manhã de segunda-feira, 01.

    O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária assume compromissos com os movimentos sociais e não os cumpre, atiçando focos de tensões nos acampamentos .

    O ciclo de omissão do órgão se renova a cada acordo firmado com as lideranças dos sem-terra.

    Por conta do fracasso das ações do órgão federal – e da falta de iniciativas -, instala-se nos projetos de assentamentos permanente estado de instabilidade, levando os assentados à radicalização.

    Os manifestantes que bloquearam a rodovia BR-155 exigem aquilo que foi acordado, desde agosto: infraestrutura nos assentamento e créditos fundiários.

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