Mineração: Buritirama adia plano de US$ 300 milhões para região de Carajás

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Mais um projeto de expansão da indústria de mineração está sendo engavetado devido ao cenário de depressão dos preços das commodities. A queda de quase 60% no preço do manganês, que despencou de US$ 12 mil a tonelada para US$ 5 mil, levou o empresário Silvio Tini, dono da Mineração Buritirama, da holding Bonsucex, a parar a produção da sua mina para manutenção. Além disso, o empresário adiou um projeto de US$ 300 milhões reunindo logística de transporte e unidade de sinterização para a mina, situada no coração da Amazônia. “O meu plano no curto prazo é retomar aos poucos a produção, pois 2013 ainda será um ano devagar”, disse o empresário.

A estratégia desenhada por Tini para os tempos difíceis não vai deixá-lo fora do mercado de manganês, assegurou. Ele vai usar seu estoque de 400 mil toneladas para abastecer com prioridade o mercado interno. O manganês é consumido pelas empresas de fertilizantes, química medicamentos) e até mesmo nas indústria de pilhas. “Não vou deixar faltar o produto mesmo nos níveis atuais precários de preços”, afirmou. O empresário pretende fornecer o minério “da mão para boca” para os clientes cativos do exterior.

A mina de Buritirama está localizada na região de Carajás, a 140 quilômetros de Marabá, na Amazônia, e tem reservas por 40 anos: uma produção anual de 500 mil toneladas anuais de minério de manganês com teor entre 42% e 45%. Mas enquanto o preço do insumo não melhora, Tini planeja produzir apenas metade desse volume anual, ou seja, 250 mil toneladas anuais de manganês.

A Buritirama é uma das três minas de manganês mais importantes do Brasil. As outras duas são a de Azul (PA) e a de Urucu (MT), ambas da Vale. O empresário avalia que a mina de Azul deve estar próxima do esgotamento, o que pode colocar restrição à oferta de manganês no país, no médio prazo. Para se antecipar aos fatos, Tini está fazendo investimentos em pesquisa mineral na Amazônia em busca de novas áreas de ocorrência de manganês e também de cobre. “Pretendo aplicar US$ 5 milhões em pesquisa mineral em 2013, tanto para buscar novas minas e ampliar a oferta de manganês como para diversificar com cobre”, disse.

Os projetos do empresário para a Mineração Buritirama incluem uma parte logística, com a construção de dois terminais portuários privativos: um fluvial no rio Tocantins e outro marítimo em Vila do Conde, no Pará. Com isso, pretende agilizar e reduzir o valor do transporte do minério para exportação, que é feito hoje por caminhões que percorrem uma distância de quase 600 quilômetros.

“Vamos usar barcaças para transportar o minério pela eclusa de Tucuruí”. O investimento total previsto no negócio é da ordem de US$ 300 milhões. Os recursos estão garantidos via agências multilaterais estrangeiras, BNDES e Banco do Nordeste.

A crise, que tem derrubado os preços das commodities, levou o empresário a adiar por prazo indeterminado o projeto de logística e também a entrada em operação de uma unidade de sinterização com capacidade de produzir 150 mil toneladas anuais de pellets de manganês. A pelota de manganês é muito consumida porque tem maior pureza e é usada na produção de ferro liga para endurecer o aço fabricado pelas siderúrgicas. Hoje, Tini mantém na mina uma unidade piloto de sinterização com capacidade de sinterizar duas mil toneladas anuais de manganês.

A retração do preço do manganês é atribuída pelo empresário ao quadro recessivo que tem afetado o setor siderúrgico. “Não se fabrica aço sem manganês”, afirma. A crise na Zona do Euro e a desaceleração da economia americana reduziram a produção de aço no mundo. Para Tini, a Europa “está quebrada por 10 anos”. O cenário futuro que desenha para as commodities nos próximos cinco anos pertence aos emergentes, principalmente à China.

Fonte: Valor Econômico